Nem sei se devo escrever sobre isso, mas afinal é um blog pessoal e isso se trata do meu eu pessoal. E não. Não envolve a situação da minha família ou meu pai. É sobre mim e minha bi-sexualidade.
Bem bem,
Desde que perdi minha virgindade e até hoje eu aprendi (e aprendo) sobre mim mesma e meus gostos e meus desejos e meus "kinks" em todas as vezes que fiz sexo com homens.
Aprendi que gosto muito de ouvir homens gemendo; descobri que tenho um fetiche por mãos; e por carros; descobri que gosto de chupar pintos; e, acima de tudo, que eu gosto de sexo em geral.
Ai eu comecei a reparar que... talvez... eu também goste de mulheres. Goste da forma do corpo, das pernas, seios... E não só "goste da beleza feminina, pois a mídia força essa apreciação*" mas sinta atração sexual e emocional por mulheres. Não é um pensamento recente meu, tenho refletido sobre isso há tempos e tudo mais.
Mas ai vem minha falta de auto-confiança e o preconceito.
Falta de auto confiança porque eu já aprendi, por acúmulo de xp, que sei transar com homens e receber e dar prazer no sexo monogâmico-hétero-cis. Portanto, tenho muitas das minhas ansiedades com relação a sexo lésbico simplesmente porque não tenho pontos de experiencia nisso. Nunca fiz: portanto não sei se eu sei fazer.
Ok, sou uma pessoa minimamente criativa, então suponho que não haverá problemas caso aconteça, mas mesmo assim fico ansiosa. Naquelas perguntas básicas de "será que sou boa nisso?"; "será que ela irá gostar disso?"; "e se eu for uma catástrofe nisso?" e por ai vai. Muitas das perguntas que eu tinha antes de perder a virgindade no geral.
Já beijei garotas, sim. E gostei. E faria de novo. E quero fazer de novo. E quero experimentar e aprender coisas novas. Sobre mim e sobre outros. Mas mimimi ansiedades e tudo mais. (WARNING ansiedades são algo muito importante e eu sou a unica pessoa que pode falar mal e depreciar minhas ansiedades.)
Preconceito porque muitas pessoas na comunidade LGBT (e pessoas fora dessa comunidade) não acreditam em bi-sexualidade (ou bissexualidade. a reforma ortográfica não faz sentido para mim...), muitos dizem que bi's são "só pessoas indecisas" e que "mentem para si mesmas" ou até que "são mentirosos e manipuladores" e o que eu mais detesto "que essa coisa de 'experimentação' é uma desculpa esfarrapada" (a wikipedia resume assim: In the monosexist view (...) people are either exclusively homosexual or exclusively heterosexual. [bi's are] closeted homosexual people who wish to appear heterosexual, or heterosexuals who are experimenting with their sexuality.). Vai entender essa gente. Quer dizer que eu sou menos pessoa do que um hétero ou que um homossexual só porque eu também gosto de pessoas do meu próprio gênero.
Além do preconceito comum que a sociedade tem com pessoas que só assumem publicamente que gostam de fazer sexo. Como se sexo não fosse extremamente comum em todas as formas de vida dioicas. (dependendo da sua definição de SEXO, plantas também podem fazer sexo.)
Sinceramente, minha bi-sexualidade é algo que poucas pessoas sabem, justamente porque tenho medo de como mudaria a forma como outras pessoas interagem comigo. "Será que vários dos meus amigos são preconceituosos e eu só não estou sabendo disso porque eles acham que eu sou hétero?" Ou talvez, todo os meus amigos já saibam, porque eu não exatamente escondo de ninguém, e só tratem como natural e, consequentemente, eu tenho amigos fantásticos.
Talvez eu não tenha muita experiencia no assunto simplesmente porque é muito raro eu sair por ai pegando pessoas. E quando saio fico mais confortável pegando caras por conta (de novo) de confiança e preconceitos.
Além disso, como não tenho experiencia sexual com mulheres, as vezes fico confusa quando pesquiso sobre o assunto. Porque acabo duvidando de mim mesma (falta de auto confiança, lembra?). Mas talvez eu seja só uma bi que goste de fazer sexo com caras e que goste de beijar garotas e ninguém deveria me julgar por isso.
*para quem se interessar, achei uma tese legal mesmo que não exatamente sobre isso, além da pagina da wikipedia sobre o assunto, que tem um monte de fontes e tudo mais.
Gosto de escrever aqui o que há na minha vida. Problemas, soluções coisas boas e ruins, e, principalmente, coisas que eu faço com as mãos.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014
Beijos Pai!
Sempre que eu saia de casa, para ver meus amigos ou ir ao banco pagar conta, eu gritava da porta "BEIJO MÃE, BEIJO PAI!" como se eu estivesse... sei lá, pedindo uma bênção para eles. Sabe aquele ritual antigo "bença mãe, bença pai" e por ai vai. E eles dois sempre respondiam "beijo filha!"
Fiz questão de falar isso para ele assim que fecharam o túmulo. O tom de voz foi outro, mas o sentido foi o mesmo.
Sabe... há muito tempo um amigo me contou que "as pessoas podem ter certeza de que tiveram uma vida plena, quando há 6 pessoas para carregarem seu caixão". Ele me contou isso quando conseguiu a honra de carregar o caixão do padrinho dele.
No caso, carregaram o caixão até o carrinho elétrico, pois alguns rituais não têm significado depois do surgimento da tecnologia.
Meu pai?
Os 6 que levaram o caixão até o carrinho foram só os que conseguiram chegar primeiro lá.
Porque tinham mais muitos dispostos, e que com certeza se achariam honrados de conseguir fazer isso por ele.
Porque meu pai era um máximo.
Teve a presença da família toda: a família sanguínea dele; a família Carpe Dien; a família da Vila Madalena de 1984; a família do teatro; do colegial; do Embu; do afeição; do dia-a-dia; dos malucos do caminho; da vida.
A presença das famílias da minha mãe dando apoio para ela.
Obrigada por apoiarem a minha mãe.
E a minha família dando apoio para mim.
Laura, Patricia, Mariana, Pietro, Thomás, Ana, Camila, Maria, Mayara*, June, Isabela, Thiago, Siquer, Caio, Amanda, Marco, Diogo.
Vocês não sabem como eu amo vocês. Sério mesmo.
Obrigada.
O que me lembra de uma coisa que o padre disse... Não lembro mais a citação, e nem de quem era. Mas a ideia envolvia que meu pai semeou muitas coisas na vida dele, e as pessoas que estavam lá naquele momento são o que germinou de cada semente que ele plantou na vida.
Sendo sociável, sendo engraçado, sendo bem humorado, sendo amigo, sendo irmão, sendo primo, tio, companheiro, pai.
Ele ficaria muito chateado comigo e com a minha mãe se a gente parasse de viver as nossas vidas por conta dele.
Porém, ele ficaria igualmente irritado se nada nas nossas vidas mudasse por conta disso.
Complicado.
Muitas pessoas me deram condolências/pêsames/sentimentos, e pela primeira vez percebo que essas palavras são sinceras. As pessoas sinceramente querem ajudar em qualquer coisa que puderem. Porque elas querem ajudar ao máximo que puderem as pessoas que esse amigaço delas considerava importante.
"Qualquer coisa me liga, viu?" é um jeito de dizer que meu pai era importante para eles, e que meu pai não iria querer que eu e minha mãe ficássemos mal, e que essas pessoas querem ajudar a realizar esse "desejo" do meu pai.
Então... Eu vou pedir as ajudas que eu precisar. E isso é uma promessa. Porque eu quero ficar bem, para que meu pai me veja bem.
Obrigada pela presença e apoio de todos.
e...
bjs pai.
Fiz questão de falar isso para ele assim que fecharam o túmulo. O tom de voz foi outro, mas o sentido foi o mesmo.
Sabe... há muito tempo um amigo me contou que "as pessoas podem ter certeza de que tiveram uma vida plena, quando há 6 pessoas para carregarem seu caixão". Ele me contou isso quando conseguiu a honra de carregar o caixão do padrinho dele.
No caso, carregaram o caixão até o carrinho elétrico, pois alguns rituais não têm significado depois do surgimento da tecnologia.
Meu pai?
Os 6 que levaram o caixão até o carrinho foram só os que conseguiram chegar primeiro lá.
Porque tinham mais muitos dispostos, e que com certeza se achariam honrados de conseguir fazer isso por ele.
Porque meu pai era um máximo.
Teve a presença da família toda: a família sanguínea dele; a família Carpe Dien; a família da Vila Madalena de 1984; a família do teatro; do colegial; do Embu; do afeição; do dia-a-dia; dos malucos do caminho; da vida.
A presença das famílias da minha mãe dando apoio para ela.
Obrigada por apoiarem a minha mãe.
E a minha família dando apoio para mim.
Laura, Patricia, Mariana, Pietro, Thomás, Ana, Camila, Maria, Mayara*, June, Isabela, Thiago, Siquer, Caio, Amanda, Marco, Diogo.
Vocês não sabem como eu amo vocês. Sério mesmo.
Obrigada.
O que me lembra de uma coisa que o padre disse... Não lembro mais a citação, e nem de quem era. Mas a ideia envolvia que meu pai semeou muitas coisas na vida dele, e as pessoas que estavam lá naquele momento são o que germinou de cada semente que ele plantou na vida.
Sendo sociável, sendo engraçado, sendo bem humorado, sendo amigo, sendo irmão, sendo primo, tio, companheiro, pai.
Ele ficaria muito chateado comigo e com a minha mãe se a gente parasse de viver as nossas vidas por conta dele.
Porém, ele ficaria igualmente irritado se nada nas nossas vidas mudasse por conta disso.
Complicado.
Muitas pessoas me deram condolências/pêsames/sentimentos, e pela primeira vez percebo que essas palavras são sinceras. As pessoas sinceramente querem ajudar em qualquer coisa que puderem. Porque elas querem ajudar ao máximo que puderem as pessoas que esse amigaço delas considerava importante.
"Qualquer coisa me liga, viu?" é um jeito de dizer que meu pai era importante para eles, e que meu pai não iria querer que eu e minha mãe ficássemos mal, e que essas pessoas querem ajudar a realizar esse "desejo" do meu pai.
Então... Eu vou pedir as ajudas que eu precisar. E isso é uma promessa. Porque eu quero ficar bem, para que meu pai me veja bem.
Obrigada pela presença e apoio de todos.
e...
bjs pai.
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