sábado, 13 de setembro de 2014

Confissões: Auto Estima Baixa

Confissões 

Não me acho bonita. Sei que não sou feia, mas não é a mesma coisa. 

Provavelmente é porque me zuavam bastante quando eu era pequena. Riam deu ter pêlos no suvaco (como eles. Mas por algum motivo garotas de 11 anos tem q se depilar.); riam deu ter buço (lembro especificamente de ter 12 anos e um guri olhar pra mim e falar "Você tem mais bigode do que eu"); riam deu ter rinite alérgica e espirrar alto e limpar o que escorria do meu nariz com a manga da camiseta no meio da aula; riam deu me chamar Rita, porque a Rita Repulsa era a vilã; riam deu dançar esquisito; riam deu me vestir diferente das outras meninas; riam deu gostar de desenho animado; riam deu gostar de cantar; riam deu ser sozinha na sala de aula (por muitos anos minhas melhores amigas, a AP e a C, caíram em outras salas. E na pior época a gente se distanciou um pouco... Então eu ficava meio sozinha); riam sem motivos reais e me chamavam de Rita-Cabrita; me chamaram de árvore-de-natal na festa de formatura da 8ª serie; perdi o BV aos 16 com um cara aí que nem é muito legal (Ele era primo do namorado de uma menina aí que era amiga de uma amiga...); grande parte dos caras com quem fiquei até que queriam ficar comigo naquele momento, mas rapidamente me trocavam por outra (fosse pela mulher da vida deles, fosse pela guria que acabaram de conhecer); teve a vez em que me vesti de homem e meus amigos não me reconheceram... E alguns outros a mais. 

Acho que só não acabei ficando maluca e super introvertida porque minha família sempre me amou muito e todos eles me mostravam isso, mais do que falavam. 

E eu sempre acabava achando as gotas estreladas de amizades incríveis no meio do lodo daquelas pessoas horríveis. Como as próprias AP e C. Que são minhas amigas até hoje. Isso me ajudou mais do que elas sabem...

E, claro, lá no Embu tinha a Ma, a My e a J. Alem do J e do P. Que eram meu lindo oásis fora de São Paulo. 

As coisas começaram a mudar lá pela sexta série, quando eu acabei sentando perto do grupo que sofria o mesmo que eu. (Não o mesmo. Mas os outros também fingiam que elas não existiam) Foi bom, porque acabei me encontrando; mas foi ruim porque eu não me sentia lá muito dentro do grupo. Hoje não digo que são minhas amigas, mas foram importantes na minha vida. À elas, digo obrigada. 

No colegial minhas amigas foram ficando para trás, seguindo os próprios rumos, e eu era sumariamente ignorada pelas panelinhas de sempre. Não que eu quisesse a atenção dessas pessoas. Era só o costume de sempre. 
Fiz algumas amizades com as pessoas novas da escola e algumas delas até continuaram meio que na minha vida. Mas nada muito forte ou muito presente. 
Nessa época fiz teatro. Conheci um povo mais alternativo e legal. Mas tive desentendimentos com o diretor, basicamente porque ele me fez abrir uma pequena porta que eu não queria que vissem aberta. Dai eu fugi. Desculpe por isso Jean. Não era nada contra você, era meu orgulho e autocrítica tirando de mim as coisas boas que eu tenho a oferecer. Tenho crescido e mudado pouco a pouco, gostaria de voltar a fazer teatro. Estranhamente, essas pessoas não me fizeram falta... 

Então tudo mudou no cursinho. 
Só que não
Eu estava na "escola" de novo, indo ver aulas que eu já deveria ter aprendido e ser ignorada por todo mundo. Menos por aquelas maravilhosas pérolas. Essas amizades ainda duram. Mesmo. Amo cada uma delas. Foi o ano em que fiz minha tatuagem e aprendi a andar de ônibus.
E teve os amigos que elas apresentaram. Um estranho grupo de pessoas estranhas que, na época, estavam se descobrindo (alguns ainda estão) e, principalmente, um grupo de pessoas formado por aqueles que sofriam bullying na escola. Diferentes dos que eu sofria, claro. Como o poeta disse: "As felicidades são iguais. Mas cada tristeza é diferente." O grupo acabou ficando tão grande que colapsou. Hoje em dia é raro eu ver alguém.

Foi nesse ano que fiz sexo pela primeira vez (virgindade é um conceito estranho... a ser discutido em outro post) . Foi com um cara que não era especialmente legal ou bonito. Ele era desse grupo. E na real ele, a principio, nem queria ficar comigo. 
Mas com ele eu me senti, pela primeira vez, desejada. E isso fazia meu coração bater mais forte. Nosso término foi feio. Mas hoje já nos tratamos com bom grado e tudo mais.

Depois disso eu decidi que teria habilidades para tentar compensar minha falta de aparência. "Vai que os caras começam a gostar de mim se eu for inesquecível na cama?" 

Era, e é, um pensamento ingênuo. 
De uma garota sem auto confiança. 
E cuja aparente auto confiança é só pose. 
Era um ato que eu desesperadamente tentava crer. 

No final das contas esse ano de 2010 foi um ano muito bom, ao mesmo tempo que o pior ano da minha vida. Tirando 2014. 

Depois de terminar com um outro cara, este mesmo cara veio até mim dizer que vários caras aí gostavam muito de mim e me achavam a "morena mais linda do pedaço".

Dahora, sabe? Que bom que nenhum deles veio falar diretamente comigo (sarcasmo). 
Super ajuda na auto estima de uma pessoa saber que falam de você pelas suas costas e que temem você e suas reações a ponto de não falarem que gostam de você e que te acham bonita na sua cara.

Dei alguns foras em caras na minha vida.
Mas foram menos do que os supostos caras q me achavam bonita. 
(chegou um belo momento em que eu decidi conviver comigo mesma e parar de procurar "um homem na minha vida". deu certo-errado. certo porque eu realmente não precisava, nem preciso, de um homem na minha vida para ser feliz. errado porque eu queria relações carnais com alguém...)

Gente, dica firme aqui: elogiem amig@s. É serio isso. Faz muita diferença. Uma pessoa que se sente bonita com os amigos é capaz de eventualmente adquirir a confiança de se achar bonita para pessoas que não são seus amigos. (tenho aprendido isso também.)

Daí chagamos aos dias de hoje. 
2014. O ano em que meu pai morre. Um péssimo ano. 
2014. O ano em que eu conheço o lobo da minha vida. Um ótimo ano. 

Ele, meu lobo, teve seu próprio percurso, mas o resultado foi meio parecido com o meu:
Uma pessoa incrível e de auto estima baixa, que estufa o peito, coloca os ombros para trás e sorri para que os outros tenham a força de continuar. Porque, aqui dentro? Está difícil. 

Acho que são essas semelhanças que nos deixaram tão próximos tão rápido.

E... é isso.
Queria só contar aqui um pouco do meu percurso.

E que "Rita, você é mó bonita" não cola. 
Porque eu simplesmente acho que você está tentando me agradar porque tem medo de minha reação caso fale na minha cara que me acha feia. (YEAH. I KNOW IT'S MESSED UP.). 

"Hita, eu não mentiria pra você. Você é mesmo muito bonita". 
E aqui chegamos aos elogios de aparência. Eu já não acredito que sou bonita. E se você gosta da minha aparência, elogie os genes dos meus pais, não a mim. 
O genótipo mandou--> O fenótipo obedeceu.

Eu me sinto muito mais confortável quando elogiam coisas que eu faço.
Só que mesmo assim: eu estou tão desacostumada a receber elogios, e minha auto critica é tão exorbitante... que eu fico achando coisas ruins. Se eu faço um desenho, eu fico reparando em cada detalhe torto e defeituoso. Quando elogiam eu acabo achando que essas pessoas não enxergam os erros porque não sabem de arte. 
Meu Lobo me disse que eles elogiam a arte porque a acharam bonita como um todo, vendo ou não os pequenos desvios de percurso. (porque não há erros ou defeitos em arte. arte é arte. e o que eu chamava de defeito é um "estilo em mutação"). Então... estou trabalhando nisso. Mas ainda prefiro que elogiem, por exemplo, minha escolha de roupa, maquiagem e, principalmente, minha voz, do que minha aparência fenotípica. (uma vez elogiaram especificamente meu "formato" de corpo. e eu fiquei imensamente lisonjeada. porque eu o mantenho. é uma coisa minha. eu podia ter desistido e engordado, mas eu me importo e mantenho meu corpo. é algo que ainda não sei explicar...)

"Hita, por acaso tem dias em que você se acha bonita?" 
Até tem. Alguns dias em que me maquio; Aquele dia em que a cabeleireira deixou meu cabelo MARAVILHOSO; aquela vez em que meu lobo olhou pra mim com olhos brilhantes.

Ainda tenho muito a seguir para me recuperar.
Só que agora, tenho ao meu lado uma pessoa que precisa se recuperar tanto quanto eu.

Beijos beijos e boa noite.
Não vou pedir desculpas pelo desabafo.
Afinal, é meu blog e você quis lê-lo
O que já é um elogio enorme. 
Que eu aceito e agradeço.
Obrigada por querer ler.

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