sábado, 19 de abril de 2014

Páscoa da Melancolia

Hoje foi o enterro da menina da minha sala.

Fui virada (teve churras de sexta feira da paixão em Atlantis ontem) e de carona, junto com algumas pessoas, num cemitério que tem ali na Anhanguera. No começo eu até que estava bem. Cantei um pouco, ri um pouco...

O dia estava com uma bruma densa, mal dava para enxergar as placas da estrada.

De repente, o céu abriu e fez um solaço. Muito Sol mesmo.

Tipo daquele Olho de Deus que a Nipples fez para mim naquele amigo secreto daquele semestre...

E foi aí que desceram o caixão da Nipples. E foi aí que as lágrimas começaram a cair descontroladamente.
Um professor até fez questão de me dizer, que irá uma psicóloga especializada em morte (?) lá na USP conversar individualmente com as pessoas que se interessarem.
Mas minhas lágrimas não paravam de rolar.

E mesmo estando com pessoas que eu gosto, eu me senti meio sozinha. Até eu juntar coragem de ir até uma outra menina e pedir um abraço.
Foi um bom abraço.
Obrigada Ana, pelo abraço. Eu estava para despencar.

Consegui jogar uma pequena flor de Primavera antes de concretarem o túmulo. Junto com a chuva de pétalas de rosas que foram caindo.

Também fui nos familiares e fiquei meio "Eu até pensei no que dizer, mas não precisa. Você já sabe" E mais um abraço.

Consegui ir ali na frente e dizer "Beijos!" pra Nipples. Mas aí tive que me afastar um pouco, e cantar. Cantar é um exercício muito bom para mim, pois me força a respirar e talz.

Tirei uma foto. Porque a Nipples foi enterrada embaixo de um chorão. E eu tenho certeza de que ela acharia isso poético.

Chorão de amor


Sempre aquelas memórias.
De que a pessoa não vai viver um monte de coisas ainda.

Depois disso, algumas pessoas (vulgo: eu e mais 10) fomos tomar café da manhã numa padaria. Brindamos com suco de laranja e café. Foi muito agradável. E me mostrou que mesmo parecendo ter se passado horas, ainda eram 9h30 da manhã.

Assim que saí de lá, tomei minha decisão e respirei fundo.
Entrei no carro e fui visitar meu pai.

Parei no caminho para comprar uma Rosa, mas eu não tinha trocado.
O moço foi extremamente gentil e me deixou pagar fiado. Vou lá outro dia, no guichê 5 das floriculturas da Dr Arnaldo, pagar minha rosa.
Cheguei no cemitério e outro moço extremamente gentil perguntou se ele podia cuidar do meu carro. Eu disse que podia, mas que eu não tinha dinheiro. Ele não cobrou nada, porque ele viu que eu estava só de visita.

Visita...
Eu pensei naquelas coisas "que meu pai não vai poder viver" e que a Nipples não vai poder viver.
Em 3 dias meu pai faria 64 anos.
E como as chances deu conseguir voltar lá dia 22 são muito baixas, eu fui lá agora, e cantei pra ele.
Não só para me forçar a respirar.
Mas para cantar "When I'm Sixty Four" dos Beatles para ele.
E pra contar do meu dia. E de como mudar o tempo verbal quando me refiro à ele é difícil.

Túmulo da minha família


E desabei em choro de novo.

Estou quase desabando de exaustão e nem sequer chegamos no horário de almoço.

Sai do cemitério e voltei pra casa.
Cá estou.
Escrevendo, e vejo se faço algum sentido.

Boa Páscoa à todos.
bjs bjs
boa sorte.

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